segunda-feira, 5 de maio de 2008

Daqui há vinte anos

Abro as janelas que dão para o jardim

Quantas rosas cultivei
Quantas rosas a cultivar

As dúvidas antes tão implacáveis, hoje constroem a poesia diária
fomentada na delicadeza das pequenas descobertas do mundo interior dessa terra adubada que, de repente, se expressa em flores.
Flores, antes folhas de grandes árvores, outrora arbustos que foram sementes trazidas no bico do belo pássaro azul.
Bico encantado que beija flores de outros jardins.
Traz consigo a experência dos anos lá vividos e do amor cultivado.
Voa voa, belo pássaro, agora posso ver o que significa ter coração alado.
Tão livre de apegos e tão preso à sua missão.
Já viajaste por tão longíquos lugares, já percorreste todo mar...
Trazes agora a esperança e a pureza das relações.
Feitas em fios de simplicidade, bordados com alegria e tecidas com amor.
Voa e voa, passarinho!
Sente o cheiro da terra e o orvalho da madrugada.
Encanta os locais por onde passa...
Canta a vida como autor.
Mas jamais esquece de voltar ao ninho.

E agora, volto a meu jardim
Tão preso nessa terra por suas raízes
mas proveniente de tantos lugares...
Por que, flores, estabelecestes aqui?
Tantos belos campos mundo a fora. Tantas águas a te banhar...
Eu mesma que tanto viajei dentro e fora de mim
Já vi tantas pessoas e cenários
Já trouxe água, luz e sol dos mais diversos versos
Será condição tua te prender a essas raízes?
Ver o nascer e o por do Sol do mesmo ângulo?

E as nuvens se movimentam de tal forma que o céu de hoje jamas será o céu de outrora...

Sintam o vento, minhas rosas, a movimentar suas folhas e meus cabelos
Eu também tenho espinhos
E minhas mãos são minhas sépalas...
minhas raízes já encontrei
agora posso caminhar...

unindo verso a verso
nessa vida poesia
de um único verso.